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CORTE

Seleção de desenhos desenvolvidos durante a quarentena.
São Paulo, abril  2020

Série aberta (recebe atualizações)

Peças desenvolvidas para quadros e prints (réplicas)

O que pode se abrir a partir de um corte?

Somos resultado de processos sobrepostos de ferimento e cura.

O encontro com a impermanência da vida resultou na série cortes.


 

A proposta: criar composições botânicas que trazem o corte, a ruptura, como elemento fundador.

No espaço visual, os traços de suavidade e de movimento da representação botânica se encontram com a intensidade dos cortes. A dureza da geometria.

A expressão de sutileza botânica encontra complemento na intensidade que as linhas e os ângulos trazem.


 

Na tatuagem, a ideia é que o desenho acompanhe os cortes anatômicos de cada pessoa, criando uma conversa entre composições, junções dos músculos, estrutura óssea e linhas do movimento do corpo.

O corte rasga e opera uma transformação.

Nesse ato já deixa gravado o seu movimento, a sua expressão.

O novo aparece como resultado da desfragmentação.

Dor e renascimento.

Ruptura e recriação.

 

No espaço social, o ato de tatuar traz consigo a busca por autonomia.

A partir da alteração estética cria-se um corte no hábito.

Uma personagem em renovação se coloca na sociedade e questiona os lugares sociais que pode ocupar.

O corte representa a dor, a impermanência, o movimento da vida.

Quebrar hábitos para renovar o ciclo.

Encarar o não quando se espera que digamos sim.

Afirmar o sim quando se espera o não.

Traçar nossos caminhos.

Intensidade, inteireza. E sutileza.


 

A proposta artística se soma à característica perene e ao mesmo tempo derradeira das espécies escolhidas.

Espécies botânicas de florir difícil ou monocárpicas, que propagam sementes como um último suspiro.

 

Florir, morrer e retornar.

Renovar o ciclo.

Continuidade na ruptura.

Resiliência e transcendência.


Estamos vivas.

texto por Clarice Goulart

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